18 de dezembro de 2025
Por: E-docente
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O PNLD 2026 chega com uma proposta inovadora: ir além do livro impresso e incorporar de forma mais estruturada os Recursos Educacionais Digitais (REDs) nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Essa integração reflete uma necessidade cada vez mais presente nas escolas, a de preparar as crianças para um mundo em que o digital e o presencial se complementam.
Mas o que isso realmente significa para o professor que está lá, no dia a dia da sala de aula? Como equilibrar o uso do material impresso, que já é uma ferramenta consolidada, com os novos recursos digitais, que ainda enfrentam desafios de infraestrutura e formação docente?
O Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) sempre foi o grande eixo de distribuição de materiais pedagógicos para as escolas públicas do Brasil. Até pouco tempo atrás, o foco estava quase totalmente no livro impresso. No entanto, a partir de 2026, o programa dá um passo importante ao incluir, de forma mais ampla, materiais digitais complementares, como vídeos, jogos, simuladores e objetos interativos.
O objetivo é que os REDs não sejam apenas um “extra”, mas parte do processo de ensino-aprendizagem. Isso significa que, ao escolher as obras, os professores e gestores também devem considerar a qualidade e a aplicabilidade dos recursos digitais oferecidos pelos materiais.
Essa mudança representa uma evolução importante, pois reconhece que o aprendizado das crianças já acontece em múltiplas linguagens (impressas, visuais, sonoras e digitais).
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz a Cultura Digital e o Pensamento Computacional como competências essenciais, mesmo nos primeiros anos do Ensino Fundamental. Isso não significa ensinar programação logo no início da escolarização, mas sim ajudar as crianças a compreender, criar e interagir criticamente com o mundo digital.
Leia mais: O que é BNCC da Computação?
Os livros e materiais do PNLD 2026 têm a missão de incorporar essas competências de forma natural, por meio de propostas que despertem a curiosidade, incentivem a resolução de problemas e promovam o raciocínio lógico e criativo.
Por exemplo, um RED pode propor uma atividade em que o aluno organize sequências para solucionar uma situação, ou um jogo interativo que estimula o pensamento por etapas, conceitos que são a base do pensamento computacional.
É claro que essa integração não acontece sozinha. O professor é quem dá sentido a esses recursos. Cabe a ele mediar, selecionar e adaptar as ferramentas de acordo com a realidade da turma. Por isso, o PNLD 2026 também reforça a importância de formações continuadas, para que os docentes se sintam confortáveis no uso dos REDs e consigam enxergá-los como aliados, e não como obstáculos.
Nem tudo, porém, é tão simples quanto parece. Um dos maiores desafios para que os Recursos Educacionais Digitais se tornem uma realidade nas escolas públicas é a infraestrutura tecnológica.
Ainda há escolas sem internet estável, com poucos equipamentos ou com espaços pouco adaptados ao uso de tecnologias digitais. Em muitos casos, o acesso é limitado, o que dificulta o uso pleno dos REDs. Essa desigualdade pode acabar aumentando a lacuna digital entre alunos de diferentes regiões ou condições socioeconômicas.
Por isso, é fundamental que as políticas públicas avancem em conjunto. Não basta oferecer materiais digitais se as escolas não tiverem como utilizá-los. O sucesso do PNLD 2026 depende também de investimentos em conectividade, equipamentos e suporte técnico, para que todos os estudantes tenham oportunidades de aprendizagem equitativas.
Outro ponto essencial é avaliar a qualidade pedagógica dos recursos digitais que acompanham os livros. Afinal, nem todo material interativo é, de fato, educativo.
Um bom RED deve promover interação, reflexão e autoria — e não se limitar a ser um simples exercício automatizado. A ideia é que os recursos digitais sirvam como pontes para novas formas de aprender, permitindo que as crianças explorem, experimentem e construam conhecimento de forma ativa.
Por exemplo, vídeos curtos podem ajudar na introdução de conceitos complexos, jogos educativos podem fortalecer habilidades de leitura e matemática, e atividades colaborativas online podem estimular a troca entre os alunos.
O que importa é que os REDs sejam coerentes com os objetivos pedagógicos e contribuam para o desenvolvimento integral dos estudantes, dentro e fora da sala de aula.
Para que o PNLD 2026 cumpra seu propósito de integrar o impresso e o digital, algumas estratégias podem fazer a diferença:
Essas ações, somadas, podem transformar o uso dos recursos digitais em uma oportunidade real de inovação e equidade educacional.
O PNLD 2026 inaugura uma nova etapa na educação pública brasileira, ao reconhecer que o aprendizado das crianças vai muito além das páginas de um livro. A integração dos Recursos Educacionais Digitais amplia as possibilidades de ensino e aprendizagem, tornando as aulas mais dinâmicas, interativas e conectadas com o mundo em que os alunos vivem.
No entanto, para que essa transformação seja efetiva, é preciso olhar com cuidado para a infraestrutura, a formação dos professores e a qualidade dos materiais digitais. O desafio em torno dos Recursos Educacionais Digitais é grande, mas também inspirador: fazer com que cada criança, independentemente de onde estude, tenha acesso a experiências de aprendizagem ricas e significativas, tanto no livro impresso quanto no universo digital.
Gostou do conteúdo? Este artigo foi escrito em parceria com o E-docente, plataforma especializada em conteúdos relacionados ao PNLD (Programa Nacional do Livro e do Material Didático) no Brasil.
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