Previsões para a educação pós-pandemia

26 de maio de 2020

Por: SOMOS Educação

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O mundo não será o mesmo após o coronavírus. Na Educação, a expectativa é que os recursos tecnológicos e o ensino a distância se firmem como novos hábitos, em uma projeção de tendência pós-pandemia. Esse prognóstico foi um dos assuntos abordados no webinário organizada pela SOMOS Educação, em parceria com a Bain & Company, uma das maiores empresas de consultoria do mundo.

Neste post, trouxemos alguns pontos importantes dessa conversa, incluindo uma análise sobre os desafios do retorno às aulas presenciais ao redor do mundo. Confira! 

Os especialistas em educação Pedro Ross e Luis Frota, sócios da Bain & Company, foram os convidados da SOMOS para falar sobre A educação em tempos de COVID-19: analisando as experiências de outros países.

As práticas de contenção adotadas em diversos países e como o mundo está enfrentando as adaptações de ensino em um cenário tão incerto e desafiador foram algumas das questões discutidas no Webinário.

Panorama global do coronavírus

Segundo Pedro Ross, os países passam pela crise do coronavírus em cinco grandes etapas: fases iniciais, crescimento rápido, desaceleração, recuperação e o novo normal.

Na primeira etapa, a amostra de contaminados no país ainda é pequena, com cerca de menos de 100 casos. Já na fase seguinte, o crescimento da contaminação é exponencial, com o aumento considerável da população infectada e a rápida transmissibilidade do vírus.

A terceira fase da crise do coronavírus refere-se à desaceleração. Nessa etapa, há uma queda da curva de contágio após a adoção de medidas de suspensão. Nesse estágio, a quantidade de casos começa entrar em um processo de redução.

A quarta etapa, de recuperação, apresenta uma redução contínua no número de novos casos, até que se chegue a zero. E, a partir daí, instaura-se o novo normal, a quinta etapa desse processo de pandemia. Nessa fase, um conjunto de medidas são postas em vigor para manter a situação estável.

Medidas de contenção ao Covid-19

Ao redor do mundo, os países adotaram duas medidas de contenção ao Covid-19. As chamadas medidas de “mitigação” estão relacionadas à cultura e higiene. Nessas ações, considera-se o uso de álcool e máscaras, triagem e testes na população, a expansão de unidades de saúde e a quarentena para casos suspeitos.

A segunda medida, conhecida como “supressão”, considera ações mais drásticas, como o fechamento de vias públicas, as restrições de viagens e deslocamentos, e o distanciamento social mais severo, o chamado lockdown.

O cenário do coronavírus no Brasil

A intensidade da propagação do novo coronavírus depende fortemente do momento de adoção das medidas de distanciamento social e da intensidade das iniciativas de mitigação. O pico de casos é menor em países que implementaram iniciativas mais rapidamente.

Atualmente, o Brasil se encontra na fase de crescimento, de acordo com os estágios de evolução do vírus ao redor do mundo. De acordo com Pedro Ross, apesar de uma tentativa de rapidez para implementar medidas de propagação do vírus, o Brasil teve atitudes mais brandas do que a maior parte dos países do mundo. 

Além disso, o país conta com uma variação entre as práticas regionais. Em linhas gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Distrito Federal, Minas Gerais e Rio Grande do Sul estão entre os estados que adotaram medidas mais rapidamente.

Dentre essas ações, estão o cancelamento de eventos, o fechamento de lojas e locais de trabalho, as restrições de viagens e o fechamento das escolas.

Impacto do Covid-19 na Educação

Quase toda a população mundial foi afetada pela paralisação das atividades presenciais das escolas. A maioria dos governos decretou o fechamento de instituições de ensino como maneira de mitigar o contágio pelo Covid-19.

Luis Frota aponta que foram 191 países ao redor do mundo que fecharam suas escolas. Com isso, 1,5 bilhões de alunos no mundo sofreram impactos em sua educação. Mais de 90% dos alunos do planeta ficaram (ou ainda estão) sem acesso às escolas por semanas e meses.

Para entender esse cenário, a Bain & Company fez uma pesquisa com as instituições de ensino da China, Itália e Estados Unidos. As experiências dessas escolas permitiram traçar um diagnóstico do Impacto do Covid-19 na Educação. É o que veremos a seguir.

Suporte aos alunos

A maiorias das escolas entrevistadas na China e Itália adotaram métodos de educação a distância já durante o primeiro mês de fechamento das escolas. O formato de ensino nesses locais considerou aulas virtuais ao vivo, aulas gravadas, exercícios via sistema online e o uso de plataformas públicas e TV. 

Nos Estados Unidos, quase todas as escolas entrevistadas adotaram ensino a distância, e a expectativa é de que essas escolas intensifiquem o uso da tecnologia após a crise.

As escolas americanas apropriaram-se dos ambientes virtuais de aprendizagem, do uso de aulas pré-gravadas e uso de softwares online como métodos de ensino durante e quarentena.

Desafios do ensino a distância

Apesar da ampla adoção ao redor do mundo, fornecer educação a distância tem sido desafiador para muitos educadores. A migração imediata para as ferramentas digitais mostrou que a maioria dos professores se sente pouco preparada para o ensino a distancia.

Além disso, os ensinamentos dos últimos meses apontam outras grandes dificuldades dos docentes para a transmissão do ensino presencial para o digital, entre eles:

  • fornecer orientação às crianças como necessidades variadas;
  • comunicação com alunos e pais;
  • alunos sem equipamentos ou internet;
  • adaptação do conteúdo a materiais digitais;
  • desconhecimento da tecnologia;
  • falta de treinamento;
  • ferramenta inadequada ou falta de ferramenta para o ensino.

O retorno às aulas presenciais

A China e a Dinamarca foram os primeiros países do mundo a retomarem as aulas presenciais nas escolas. O que se pode observar dessas experiências, é que essa retomada às atividades não se deu da mesma maneira com existia no cenário pré-crise. As medidas para a proteção dos alunos e da comunidade escolar instauram o “novo normal”, muito mais cuidadoso e restritivo.

De volta à sala de aula

Entre as medidas adotadas na China e Dinamarca para o retorno das atividades presencias, destacam-se:

  • Escalonamento do horário de início e de fim das aulas;
  • limitação máxima de alunos por sala de aula, com distância de 2 metros entre eles;
  • uso de máscara durante a aula;
  • simulações de boas práticas de higiene (como, por exemplo, a lavagem de mãos e aulas de prevenção de pandemias);
  • necessidade de salas mais ventiladas com presença de álcool em gel, ou, aulas ao ar livre;
  • desinfecção frequente das salas de aula.

Nova rotina das escolas

No que diz respeito às novas rotinas da escola e comunidade escolar, as práticas adotadas pela China e a Dinamarca consideram:

  • medição de temperatura na entrada da escola e durante o dia (pelo menos 3 vezes por dia);
  • acesso limitado às escolas: os pais deixam e buscam os filhos em local próximos, evitando contato com outros pais;
  • ônibus escolar com menor capacidade de transportar alunos;
  • rota específica para grupos de alunos andaram pelos corredores e irem para salas, evitando aglomerações;
  • proibição de compartilhamento de comida e não existência de buffets (as porções alimentares precisam ser individuais);
  • limitação do número de alunos nos refeitórios ao mesmo tempo.

Planejando o retorno de volta às aulas no Brasil

A partir de todo cenário apresentado, Luis Frota sugere que, equacionada as adaptações emergenciais para o ensino remoto em tempos de pandemia, o passo seguinte é que as escolas brasileiras já comecem a planejar o retorno às aulas.

Esse processo deverá ser feito com muita atenção, considerando as novas demandas para proteção da saúde dos alunos e demais profissionais.
Distanciamento mínimo entre as pessoas, higienização, turmas adicionais e outras estratégias já podem ser traçadas para um retorno de sucesso a volta às aulas no Brasil.

Nesse momento, Luis Frota também destaca que a crise afetou as expectativas e comportamento dos pais e alunos. Dessa maneira, esse retorno demandará atenção às novas capacidades e formas de ensino, considerando a integração ainda mais forte do digital no processo de ensino-aprendizado.

Diante de desafios inéditos à educação, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Harvard Graduate School of Education também se debruçaram sobre as experiências globais para criar um roteiro que visa orientar o desenvolvimento de estratégias de educação específicas para o contexto de pandemia de Covid-19. Baixe o e-book e conheça 25 recomendações da OCDE e Harvard para minimizar impactos educacionais durante o período de distanciamento social.

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