Como trabalhar tecnologia e valores humanos

9 de junho de 2020

Por: SOMOS Educação

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“Como trabalhar tecnologia e valores humanos” foi o tema do webinário da SOMOS Educação com Gil Giardelli, estudioso de inovação e Economia Digital, com 22 anos de experiência.

Confira neste artigo considerações importantes sobre a relação da sociedade com a tecnologia, e os avanços e mudanças que estão sendo previstos. Ao final, disponibilizamos a lista de materiais indicados pelo professor Giardelli, muito úteis para educadores e demais interessados na transformação tecnológica!   

Desenvolvimento tecnológico: o futuro agora 

“Precisamos entender que nenhum de nós é mais inteligente que todos nós juntos“, é assim que o professor Giardelli inicia o seu webinário em parceria com a SOMOS Educação. Durante sua apresentação, o professor mostra, com diversos exemplos e informações de iniciativas do mundo todo, como o desenvolvimento tecnológico geral tem avançado e como a participação e os valores humanos são essenciais nesse processo.  

Giardeli apresentou uma mandala construída por pesquisadores do mundo todo que traça a Linha do Tempo da Ciência e Tecnologia até 2030, unindo temas de nano, bio, neuro, green digital-tech. Todas os desenvolvimentos indicados no documento são pesquisas que já estão acontecendo e que tem potencial para mudar a educação e os educadores.  

Por meio de inteligência artificial, a plataforma digital da qual Gil Giardelli faz parte no MIT foi capaz de lançar 26 mil estudos sobre COVID-19, feitos por pós-doutores, doutores e mestres. O professor também levanta a questão do isolamento digital, em que muitas pessoas utilizam a tecnologia para se isolar ainda mais – levando à depressão. Segundo informações de grupos de pesquisas que Giardelli acompanha, o número de pessoas com depressão antes da pandemia girava em torno de 19%, agora, chega aos 39%, conforme levantamento feito por pesquisadores.  

Gil aponta o exemplo de jogos que simulam a vida real onde as pessoas podem experienciar algum controle sobre o que vivem e como eles têm ganhado cada vez mais adeptos. São jogos onde não há um objetivo claro, mas é possível viver a experiência de existir, visitar conhecidos, passear. Eles funcionam como um diálogo global onde as pessoas que estão sem controle sobre suas vidas reais podem experimentá-lo de novo. Giardelli aponta, então, que esses jogos, que já são fenômenos mundiais, representam revoluções experimentais sobre a nova educação

O “novo normal”: a união entre tecnologia e valores humanos 

Desde 1.900 tivemos 9 pandemias e 109 endemias. Quando acontecem, essas transformações mudam a consciência da geração presente, mas é a próxima geração que irá mudar os hábitos. Atualmente, existe um mundo diferente acontecendo com a inteligência artificial, é um mundo com novas habilidades e é nessa nova era que o Brasil precisa se inserir.  

Atualmente, fala-se bastante sobre o novo mundo e como as coisas não voltarão ao que costumavam ser. Entretanto, ainda sentimos saudade do mundo antigo, de como as coisas eram. Giardelli aponta a necessidade de pensarmos nos “Três Is”, inovação, integração e inteligência e nos “Três Rs”, responder, retornar, reimaginar para essa nova era.  

Ainda falando sobre futuro, percebemos que esse novo mundo tem chegado de forma acelerada. Diversas ferramentas têm sido utilizadas para antecipar como será esse futuro, e Giardelli prefere chamar esse momento de “tempos pós-normais” que, ao mesmo tempo que estão carregados de contradição, complexidade e caos, vão precisar de colaboração, conectividade e criação. Esse termo foi criado por Ziauddin Sardar, um estudioso britânico-paquistanês que dizia que entre 2015 e 2030 viveríamos um período intermediário em que velhas ideias iriam desaparecer, novas iriam surgir e poucas fariam sentido. 

O professor cita diversos exemplos sobre como os alunos estão lidando com o novo mundo que surge. A existência de uma sociedade em rede, por exemplo, é vivenciada diretamente por eles. O caso da ativista ambiental Greta Thunberg, de 17 anos, ilustra isso. Por diversas semanas ela foi sozinha para a porta do parlamento sueco para protestar sobre a questão climática. Após cerca de 10 semanas, mais e mais pessoas passaram a acompanhá-la. A ação foi replicada inclusive em outros países.  

Esse exemplo demonstra não apenas o poder que a tecnologia tem, mas o ambiente no qual jovens e crianças estão inseridos. Essa sociedade em rede permite uma atuação mundial de escala nunca antes vista.  

A educação no centro das mudanças  

Giardelli cita o primeiro ministro japonês Shinzo Abe ao falar sobre as tecnologias da educação. O primeiro-ministro desenvolveu um projeto de autoeducação e afirmou que o conhecimento tecnológico deveria ser distribuído entre todas as pessoas do mundo. Dessa forma, buscar inovações não significa desistir da igualdade, mas levá-la a todos. Por isso é que os seres humanos importam, mais que nuncanessa nova era.   

Na colaboração entre humanos e máquinas, são as máquinas que detêm a aprendizagem rápida. Os valores humanos – a compreensão, emoção, questionamento, experiências, o repertório cultural e a imaginação – são conhecimentos chamados de “aprendizagem profunda”, um conceito importante para crianças e jovens que vão crescer nessa nova era. Sobretudo nesse momento de pandemia, somos ensinados que, para a Sociedade Global do Conhecimento, uma vida rica é uma vida rica em pensamentos. 

Em filmes, humanoides já estão sendo testados para serem usados como dublês. Para que esses projetos sejam desenvolvidos, contudo, é preciso que existam designers, engenheiros, escritores, criativos, todos juntos ocasionando a união entre as áreas do conhecimento. Na educação, muitas formações e empregos passam a ter o foco voltado para áreas da robótica e da tecnologia.  

Agora, não importa qual carreira se deseja seguir, seja Direito, Medicina ou Veterinária, será preciso entender também sobre processamento de dados. Afinal, esse é o futuro. Dessa forma, uma sociedade com um conhecimento maior em inovação e automação terá mais capacidade de gerar e garantir empregos. 

O professor Giardelli apresenta uma lista de quatorze conhecimentos e aprendizados essenciais para esse mundo tecnológico. Um conhecimento que pode ser desenvolvido a pessoas de qualquer idade e, ressalta que possui o domínio de apenas três de qualquer uma das seguintes habilidades já nos torna aptos a viver neste novo mundo:   

  1. Pensamento lógico  
  2. Pensamento crítico 
  3. Problemas complexos  
  4. Alfabetizações  
  5. Dados  
  6. Tecnológica  
  7. Humanidade  
  8. Criatividade  
  9. Curiosidade  
  10. Espírito de Cooperação 
  11. Resiliência  
  12. Liderança
  13. Empatia  
  14. Ética  

Pode parecer que esse futuro, de pensamento tecnológico e economia da inteligência artificial, esteja distante da nossa realidade. Entretanto, Giardelli mostra o exemplo da União Europeia que, em maio de 2018, lançou um projeto que tem como objetivo levar a pelo menos 1% da população europeia noções básicas dessa nova economia até 2022. Portanto, não estamos atrasados nesse processo, a questão é que todos esses avanços são bastante recentes e muito rápidos.  

Materiais indicados sobre o Tecnologia e Valores Humanos  

O professor Gil Giardelli indicou uma série de conteúdos para entender mais sobre a temática:  

E-books  

Robots – Surgimento, história e evolução 

E-book Futuro Inteligente Além da inovação  

Infográficos 

A História da Inovação 

Globotics e os imigrantes digitais 

Transformação Digital  

Profissão Roboticista 

AI Economy 

Fim do Mundo Vuca 

A Hierarquia de Maslow  

Tecnologias Disruptivas  

Tipos de Inteligência Artificial  

Linha do Tempo da Ciência e Tecnologia 

Contagem Regressiva – 2038 Singularidade  

Kodak e porque a sua criptomoeda 

Os elementos de valor B2B. 

O Futuro dos automóveis  

B2B – Pirâmide de Elementos de Valor 

Global Trends H2H  

The Podcast Report 

Mindfulness 

Estudos 

Case Disney para Harvard University 

Painel – Tecnologia e a inovação na construção de sociedades mais abertas 

Big Brother Chinês – plano de controle dos cidadãos 

Especial Cidade-se: A era dos makers, para a Gafisa & Cinemark 

Robots e Prof. Gil Giardelli  

Quais são os desafios da liderança na Quarta Revolução Industrial? 

Perguntas e respostas  

Quem participou ao vivo da live pode fazer perguntas ao palestrante que respondeu a várias delas. Selecionamos aqui algumas:  

As crianças que tiveram acesso à tecnologia, de alguma forma, na grade curricular, estão lidando melhor com a situação atual?  

Sim, infelizmente. Hoje, cerca de 80% das escolas públicas ainda não tem nenhum tipo de ferramenta tecnológica. Em São Paulo existe agora um aplicativo, mas muito mais que um aplicativo é preciso também capacitar os professores, não adianta apenas disponibilizar as tecnologias. Durante muito tempo as escolas deixaram isso de lado, não apenas as públicas, mas algumas instituições particulares também.   

Como se prepara esses novos profissionais para o futuro, para se adaptar à economia da inteligência artificial?  

É preciso formar pessoas éticas e curiosas que não fiquem presas a conceitos antigos tais como “se você é criativo, você é de ciências humanas, se você é de exatas, não possui muita criatividade”. Isso realmente não existe. Hoje precisamos ser pessoas preditivas que podem ser especialistas, por exemplo, em medicina, mas têm conhecimento sobre outras áreas.    

O mundo mudou: o que faremos agora?  

Gil Gardelli enfatiza a questão de como, cada vez mais, é preciso desenvolver conhecimentos diversos, unindo ciências exatas, biológicas, humanas e de linguagens. Ele cita o exemplo do Programa Yuanpei, da Universidade de Pequim, que une Inteligência artificial e engenharia com artes liberais (literatura, filosofia, história).  

Giardelli ressalta que este é o momento de maior conexão entre as ciências e as virtudes humanas, onde conceitos da física quântica são conectados à natureza da consciência, com maior ligação entre ciência, sociedade e espiritualidade. “Bem-vindo ao mundo das pessoas, bem-vindos ao que é mais importante na tecnologia: as pessoas que estão querendo um novo mundo.”  

Para saber mais sobre a importância das relações humanas para o desenvolvimento de uma sociedade mais plural, baixe o e-book:   

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