O que a BNCC diz sobre a educação integral

26 de janeiro de 2021

Por: SOMOS Educação

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Desenvolvimento humano global: essa é a abrangência formativa preconizada pela Base Nacional Comum Curricular. Ao reconhecer que a Educação Básica deve visar ao desenvolvimento completo do estudante em todas as suas dimensões, a BNCC afirma de maneira explícita o seu compromisso com a formação integral

Mas, você sabe qual é o significado de educação integral? Conhece as dimensões formativas do sujeito? Sabe quais são os princípios que norteiam esse conceito? Neste artigo apresentamos a perspectiva da BNCC sobre a formação integral. Siga conosco e descubra um pouco mais sobre essa concepção educativa! 

A Educação Integral na BNCC 

Entendendo a complexidade do sistema educacional do Brasil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) surge como um documento de caráter normativo que orienta a formulação dos currículos dos sistemas e das redes escolares do país, assegurando a qualidade da educação e mitigando os desafios da equidade de ensino. Completo e contemporâneo, o documento corresponde às demandas do estudante desta época, rompendo com visões educacionais reducionistas que privilegiam determinadas dimensões formativas em detrimento de outras.  

Os fundamentos pedagógicos da BNCC se pautam em um compromisso com a Educação Integral a partir da compressão das singularidades e diversidades dos sujeitos. A proposta é promover uma educação voltada para o desenvolvimento pleno do aluno em suas diferentes dimensões formativas. 

(…) a Educação Básica deve visar à formação e ao desenvolvimento humano global, o que implica compreender a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. (BNCC, 2018, pág. 14) 

Assim, a visão plural e multidimensional da criança e do adolescente proposta na BNCC, leva o ideal de formação integral para perto das escolas brasileiras, considerando que a Educação Básica deve estimular o desenvolvimento do estudante na sua totalidade e potencialidade. 

Competências Gerais da BNCC para a formação integral 

Desde o seu texto introdutório, a BNCC apresenta a Educação Integral como proposta formativa de todos os segmentos escolares. De acordo com as premissas do documento, o desenvolvimento integral do estudante deve alicerçar-se no trabalho com as dez Competências Gerais para a Educação Básica.  

O conjunto dessas competências consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento. Para além do acúmulo de informações, elas se interrelacionam e perpassam todos os componentes curriculares ao longo da Educação Básica, para a construção de conhecimentos, habilidades, comportamentos, atitudes e valores. 

Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. (BNCC, 2018, pág. 8)

Ao determinar as aprendizagens essenciais a partir das dez Competências Gerais, a BNCC abrange a construção do conhecimento a partir de significados, facilitando a transposição de saberes e práticas entre a escola e a vida. Dessa maneira, o processo educativo integral considera o desenvolvimento de competências e habilidades de todas as potencialidades ou dimensões formativas dos sujeitos

As dimensões formativas da Educação Integral 

A concepção de Educação Integral reconhece que o desenvolvimento pleno de um indivíduo só é possível quando se observam suas diferentes dimensões formativas. Além dos aspectos cognitivo e intelectual, os processos pedagógicos devem também articular as dimensões física, afetiva e socioemocional, social e cultural

Isso significa que, para além do desenvolvimento intelectual comumente privilegiado no modelo educacional tradicional, o ensino deve se ocupar também do aspecto multidimensional humano. É a junção dessas diversas dimensões formativas que atua de maneira propulsora para o desenvolvimento dos estudantes.  

Assim, o ideal formativo da Educação Integral considera que as dimensões físicas, sociais, culturais, intelectuais e emocionais sejam intencionalmente reconhecidas e estimuladas. Articular essas dimensões do desenvolvimento integral assegura às crianças e jovens a compreensão de questões do corpo e de autoconhecimento. Além disso, permite a leitura crítica do mundo, das questões sociais, da atuação individual no coletivo, do exercício da cidadania, considerando, inclusive, o pensamento analítico-crítico, possibilitando sua atuação com discernimento e responsabilidade em todos os contextos sociais e culturais. 

Como articular a Educação Integral ao currículo escolar 

Uma vez que a BNCC explicita o que se deseja alcançar ao longo do processo de ensino-aprendizagem da Educação Básica, as redes e escolas devem definir os caminhos, propostas e estratégias para se chegar aos resultados pretendidos. Considerando que desde o seu texto introdutório a Base apresenta a concepção de Educação Integral, as escolas devem direcionar a (re)construção dos seus currículos contemplando o desenvolvimento humano global. 

Para isso, a construção de conhecimento articulada pelo currículo escolar deve considerar não apenas os aspectos cognitivos dos estudantes. Ao invés de valorizar currículos transmissivos, focados no trabalho com uma enorme quantidade de conteúdos conceituais, a escola precisa considerar as diferentes dimensões formativas dos sujeitos e a combinação entre áreas do conhecimento

Um currículo integrador coloca o aluno na centralidade dos processos educativos. Esse é um dos princípios da concepção de Educação Integral. O desenvolvimento global dos sujeitos está ligado aos seus contextos de vida, por isso é importante reconhecer os saberes locais e mapear os potenciais educativos – agentes, espaços, objetos, dinâmicas e saberes de um lugar.  

Acionados por intencionalidades pedagógicas, a integração dos saberes locais aos saberes acadêmicos aumenta a pertinência, a inclusão e os vínculos estabelecidos entre os estudantes com o conhecimento. Trata-se da oferta de um campo concreto de experiências no qual as crianças e os adolescentes podem aplicar e consolidar habilidades, refletir sobre o aprendizado e tomar consciência das atitudes relacionadas ao processo. 

Além disso, quando se defende a concepção de Educação Integral, a escola é concebida como espaço de gestão democrática, pressupondo que as decisões e o acompanhamento das atividades sejam realizados de forma coletiva com a comunidade escolar. Esse é um outro pilar característico da Educação Integral, demandando que currículo seja, então, resultado de uma reflexão coletiva e contextualizada. 

Assim, os caminhos para uma efetiva proposta formativa alinhada à BNCC exigem mais do que revisitar as matrizes e Projetos Políticos Pedagógicos. A Educação Integral pressupõe também a formação de seus agentes, infraestrutura e meios para sua implantação que permitam concretas transformações nas práticas pedagógicas. 

A diferença entre Educação Integral e ensino em tempo integral 

É importante destacar que o currículo na Educação Integral não corresponde à oferta de maior tempo de permanência na escola. A diferença entre Educação Integral e ensino em tempo integral diz da reorientação estrutural de todo o processo de ensino-aprendizagem, e não da justaposição ou expansão de turnos.  

Mesmo que escola opte pelo aumento da carga horaria dos alunos na escola, a nomeada educação em tempo integral, é preciso existir uma construção educativa propositiva para que a Educação Integral aconteça. Ou seja, o princípio orientador da forma de ensinar não se relaciona somente com o tempo, mas com as intencionalidades das práticas pedagógicas escolares. 

Os caminhos para uma Educação Integral 

Para implementar no dia a dia práticas pedagógicas alinhadas à concepção de Educação Integral, a escola pode optar por soluções educacionais que sejam eficientes e que contribuam para o desenvolvimento multidimensional dos seus alunos

Isso pode acontecer a partir da adoção de sistemas de ensino que potencializem a formação socioemocional, por exemplo. Essa é a proposta do Sistema Maxi de Ensino, que tem uma abordagem inovadora e exclusiva, a Pedagogia Afetiva, direcionada para a formação integral de uma geração de cidadãos racional e emocionalmente preparados. 

Caso já tenha uma solução para ensino, a escola pode integrar soluções complementares às suas práticas. Adequadas às particularidades de cada instituição, programas como o Líder em Mim (LEM), por exemplo, podem ser incorporados à rotina escolar, promovendo a mudança comportamental em educadores, crianças e adolescentes para que desenvolvam as competências socioemocionais necessárias aos desafios deste século e se tornem protagonistas de suas próprias vidas e da transformação da sociedade.  

O mesmo vale para disciplinas que podem ser inseridas na matriz curricular da escola, trabalhando de forma criativa as Competências Gerais da BNCC. Essa é a proposta da Mind Makers, que desenvolve conteúdos inovadores para a Educação Básica, como o Pensamento Computacional e o Empreendedorismo Criativo. 

Educação Integral inclusiva 

inclusão é outro pilar que alicerça a concepção de Educação Integral. Contemplar e respeitar a diversidade, em todos os seus aspectos, é parte fundamental da proposta de formação segundo a BNCC:

(…) a escola, como espaço de aprendizagem e de democracia inclusiva, deve se fortalecer na prática coercitiva de não discriminação, não preconceito e respeito às diferenças e diversidades. (BNCC, 2018, pág. 14)

Dessa forma, uma Educação Integral promove também uma educação inclusiva, que vai muito além de pensar estratégias didáticas para atender os alunos com deficiência. Trata-se de fomentar o diálogo e a colaboração entre todos os agentes da educação – professores, gestores, pais e responsáveis, alunos e comunidade. 

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