3 lições da Ciência da Aprendizagem para a sala de aula

31 de agosto de 2021

Por: SOMOS Educação

Compartilhe:

A ciência pode ajudar a melhorar a aprendizagem dos nossos estudantes? Nas últimas quatro décadas, pesquisadores e educadores se debruçaram na tarefa de entender, na perspectiva científica, como o aprendizado ocorre. As pesquisas são voltadas principalmente para compreender como as crianças e os jovens aprendem e os fatores que colaboram com ou atrapalham seu processo de desenvolvimento para a vida adulta.  

A convergência de pesquisas em diversos campos científicos, como Neurociência, Biologia, Psicologia, Ciência Cognitiva, Ciência da Computação, Engenharia e Educação, mostra que o desenvolvimento humano é muito mais dinâmico e otimista do que se pensava. Esse conjunto de estudos é chamado de Ciência da Aprendizagem, ou Science in Learning, e tal abordagem possibilita que educadores e gestores escolares possam aplicar os conhecimentos adquiridos para melhorar continuamente o processo de ensino-aprendizagem da sua escola.  

Neste artigo, reunimos 3 lições da Ciência da Aprendizagem para a sala de aula. Confira!

Implicações e descobertas-chave da Ciência da Aprendizagem 

Hoje, sabemos que a genética e a realização do nosso potencial não são características definidas no nascimento. Uma parte significativa do desenvolvimento do cérebro ocorre diretamente em resposta a experiências, relacionamentos e ambientes que vivenciamos desde o pré-natal até o início da vida adulta.  

Por isso, pensar em uma escola acolhedora, que valoriza as experiências e os relacionamentos, proporciona alunos e professores engajados socialmente, além de melhorar o desempenho dos jovens nas práticas educacionais. Isso destaca a importância de colocar em prática estratégias para tornar o ambiente escolar mais acolhedor.  

habilidade das conexões neurais de se fortalecerem e crescerem à medida que interagimos com o mundo ao nosso redor é a base que permite às crianças e aos jovens atingirem todo seu potencial. Conforme diversas pesquisas apontaram, a plasticidade do cérebro se consolidou como um dos princípios fundamentais da Ciência da Aprendizagem.  

Nesse sentido, compreender o conceito, as pesquisas e as evidências por trás da plasticidade cerebral – e desenvolver práticas aplicáveis no dia a dia das escolas – pode solucionar, a longo prazo, problemas sociais e de aprendizagem aparentemente intratáveis. Essas práticas são resumidas a seguir. 

As três lições da Ciência da Aprendizagem para a sala de aula 

1. É preciso criar condições de aprendizagem que deem suporte para o estudante ao longo do seu desenvolvimento 

Falamos anteriormente sobre a importância de se construir um ambiente acolhedor nas escolas. Por trás dessa construção, está a necessidade de criar condições que promovam o aprendizado do estudante por meio do apoio contínuo ao seu desenvolvimento.  

Essas condições incluem suporte para relacionamentos positivos e de confiança, construção de conexões emocionaissegurança física, psicológica e emocional e senso de pertencimento e de propósito. Descobertas da Ciência da Aprendizagem sugerem os seguintes princípios para praticar esse domínio nos colégios: 

  • A estrutura das salas de aula e da escola deve promover relacionamentos positivos e saudáveis de longo prazo que possibilitem o cultivo de habilidades acadêmicas e socioemocionais
  • O ambiente escolar deve ser capaz de garantir às crianças e aos jovens a segurança física e psicológica necessárias para contemplar cada uma das suas necessidades e interesses
  • Os gestores escolares devem ser capazes de estreitar e promover relacionamentos entre os professores, equipe escolar e responsáveis com o intuito de aprofundar o conhecimento acerca das crianças e dos jovens, melhorando a comunicação e alinhamento entre escola e família.  

A criação de relacionamentos saudáveis e positivos de longo prazo e a capacidade de garantir a segurança física e psicológica aos estudantes estão diretamente relacionados à educação socioemocional para o combate ao bullying.  

Para aprofundar o relacionamento com os pais e responsáveis, as escolas precisam promover a conexão com as famílias. Em um webinário organizado pela SOMOS Educação, o Professor Marco Antônio Ferraz propôs uma reflexão para criar empatia com as famílias dos alunos, entender as necessidades reais junto às crianças e aos adolescentes e estabelecer acordos ganha-ganha com todos da comunidade escolar: 

2. É preciso elaborar currículos e estratégias didáticas que apoiam capacidade acadêmica, competência, eficácia, motivação e habilidades metacognitivas dos alunos 

Além da importância dos relacionamentos e do papel da família na educação, os colégios devem se atentar ao seu currículo e às estratégias didáticas utilizadas no processo de ensino-aprendizagem. Um currículo que possibilita aprendizado personalizado e colaborativo, que leva em conta o conhecimento e as experiências prévias dos estudantes e que proporciona a quantidade certa de suporte e desafio em atividades de aprendizagem relevantes é essencial para melhorar a aprendizagem dos alunos.  

A Ciência da Aprendizagem sugere as seguintes práticas para esse domínio: 

  • O processo de ensino-aprendizagem deve ser construído com base em conhecimento e experiências prévias dos estudantes. Isso implica utilizar a expertise adquirida e evitar sobrecarga cognitiva. Nesse sentido, educadores e gestores escolares devem elaborar atividades apropriadas e desafiantes, balanceando o que o aluno já sabe com o que ele deseja e precisa aprender.   
  • O ensino deve possibilitar o engajamento, a motivação e a compreensão do objeto de conhecimento. Para isso, devem ser estruturadas situações-problema que combinem instruções explícitas sobre as ideias-chave – organizadas em mapas conceituais – e oportunidades de investigação que integrem diferentes abordagens de ensino. 

Para construir um currículo que leva em conta o conhecimento e as experiências prévias dos estudantes, é importante que educadores e gestores escolares saibam elaborar e aplicar avaliações diagnósticas. Os dados obtidos por meio delas servem para guiar as intervenções pedagógicas que visam solucionar lacunas de aprendizagem apresentadas pelos alunos. 

Um ensino que valoriza o engajamento, a motivação e a compreensão do objeto de conhecimento pode ser construído a partir de Metodologias Ativas. Esse novo paradigma coloca o aluno como protagonista do processo de ensino-aprendizagem, já que ele assimila os conteúdos de forma ativa, alcançando muito mais resultados. 

3. É preciso desenvolver nos estudantes habilidades sociais, emocionais e cognitivas, além de mentalidades e hábitos 

Para um ensino integral, é necessário promover um processo de aprendizagem que equipe os estudantes com habilidades fundamentais para o estudo, o trabalho e a vida. Essas competências e habilidades incluem a autorregulação, o pensamento metacognitivo, a mentalidade de crescimento, a ação e a autoeficácia, de modo a desenvolver resiliência e produtividade nos alunos.  

A Ciência da Aprendizagem sugere as seguintes práticas para apoiar esse domínio: 

  • Escolas e salas de aula devem, no currículo acadêmico e ao longo do dia letivo, explicitamente providenciar oportunidades regulares para ensinar e integrar habilidades sociais, emocionais e cognitivas
  • Estudantes devem receber orientação e suporte para desenvolverem hábitos e mentalidades que promovam perseverança, resiliência, prontidão e autodirecionamento (trabalhando funções executivas, rotinas de autorregulação, gerenciamento de estresse e mentalidade de crescimento). 
  • Escolas devem oferecer suporte para o desenvolvimento de comportamentos positivos nos estudantes, encorajando-os a terem responsabilidade.  

Programas formais de educação socioemocional mostraram considerável sucesso no desenvolvimento das práticas para desenvolver esse conjunto de habilidades nos estudantes. No Brasil, as escolas estão percebendo a importância de aliar o ensino socioemocional às práticas pedagógicas na busca por uma formação integral dos estudantes. 

O Líder em Mim (OLEM) é uma solução da SOMOS Educação voltada para o desenvolvimento das competências socioemocionais dos alunos. O programa tem como finalidade dar o suporte para a escola e para os estudantes na formação de uma cultura com foco na dimensão socioemocional e no protagonismo dos estudantes.   

Esse modelo de aprimoramento do ensino básico vem sendo implementado por diversas escolas em mais de 50 países do mundo. Grande parte do crescente sucesso do programa baseia-se em estudos e pesquisas que comprovam a eficácia e os impactos do desenvolvimento socioemocional na educação.  

O material a seguir reúne os principais resultados dessas pesquisas e está dividido em três grandes áreas de atuação do programa na escola: a liderança, a cultura e a perspectiva acadêmica. Baixe gratuitamente e descubra como O Líder em Mim pode trazer impactos positivos no processo de ensino-aprendizagem de uma formação integral na sua escola: 

A escola e a educação baseada em evidências científicas 

O conhecimento fundamental elencado pela Ciência da Aprendizagem, complementado pelas décadas de pesquisa educacional, possibilitou o desenvolvimento de estratégias, processos e práticas educativas que dão suporte ao desenvolvimento das crianças e dos jovens nos vários contextos que eles vivenciam. Esse conhecimento básico evidencia a importância de repensar as instituições de ensino que, em seu modelo industrial, privilegiavam a padronização e a minimização dos relacionamentos. 

Com a Ciência da Aprendizagem, as escolas podem se (re)organizar e oportunizar experiências que estão centradas no desenvolvimento integral dos estudantes, promovendo habilidades não só acadêmicas e cognitivas, como também socioemocionais, além de hábitos e de mentalidades que respondem adequadamente às necessidades e desejos de cada criança e de cada jovem.  

A SOMOS Educação adota, como conduta para as soluções educacionais, o uso da Ciência na Aprendizagem, com o intuito de que sejam eficientes e de que contribuam para o desenvolvimento dos alunos. Para isso, atuamos em diferentes ramos da ciência, especialmente da neurociência, com diversas iniciativas de estudos e com renomados parceiros como BrainCo, Forebrain e Rede Nacional de Ciência para Educação. 

No webinário “Neurociências e neuropsicologia aplicada à sala de aula: como aprendemos?”, convidamos Rochele Paz Fonseca, Presidente da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia e Pesquisadora da Rede Nacional de Ciência para Educação, e Mario Ghio, Presidente da SOMOS Educação, para uma conversa sobre as provocações necessárias na busca por um ensino de excelência, debatendo sobre o saber científico e a neurociência como formas de potencializar e impulsionar importantes transformações nas nossas escolas. Confira:

Compartilhar: